quinta-feira, março 26, 2009

Uma ficção extrapolante!

Talvez tenha sido uma virose! ...Uma misteriosa mutação genética em cadeia... uma metamorfose!...
Talvez tudo não tenha passado de um acaso! ...De um acaso puro, ou de um acaso por necessidade...
A verdade, é que os habitantes, de repente, como que acordaram!
No princípio, era estranho.
...Começaram a aparecer vasos de flores nos parapeitos das janelas... nas ombreiras das portas... na orla dos passeios... Começaram, a notar-se esboços de sorrisos... a descobrirem-se afectos... a exercerem-se cuidados...
Todos queriam aperfeiçoar o desempenho; como num coro, queriam entrar em uníssono.
Cada um sentia ter representado todos os papeis, sentia-se existir em todos os lugares e, podia reconhecer o seu coração a bater em todos os peitos! ...Sentia ter tido em si o ateu e o fanático religioso, lembrava-se de ter sido a vítima e o bandido...
Ninguém podia dizer não ter dado por nada. Todos, estavam surpreendidos com a mudança e, não sabiam se o facto de cada um mudar era causa ou consequência de tudo ter mudado!
...Por acaso ou por necessidade, o facto é que cada um se foi reconhecendo em todos os outros e ninguém mais, aceitou ficar indiferente.

sexta-feira, março 13, 2009

Quando a Terra era plana e, fora da cúpula que a protegia trabalhavam noite e dia, misteriosas engrenagens... quando - escassa que era a luz -, das trevas surgiam vampiros, almas penadas, lobisomens e mulas sem cabeças... quando Deus castigava quem ousava duvidar das verdades ditadas por quem comungava e só acedia a levantar castigos, em troca de sangue e lágrimas... sempre houve quem transcendesse! ...Quem sentisse o Universo a vibrar em si e aceitasse a vida em sintonia com o todo que desperta e se recreia creando, avançando majestoso, sem pressa ou urgência.
Talvez, o primeiro sussurro dessa presença, se tenha manifestado em alguém que, curioso, contemplava o firmamento e que, na ausência de ruido se tenha sentido envolvido, inundado, por uma reconfortante serenidade. Talvez, tenha sido nesse momento que o homem, para além de ver, tenha aprendido a reparar... e que, de alguma forma tenha estabelecido relação entre o medo e a falta de conhecimento...
Humilde, satisfeito, sentido crescer o entusiasmo de dar rédea solta à vida, deve ter posto os pés ao caminho. Não para chegar a algum lugar! ...Para caminhar, simplesmente.

terça-feira, março 10, 2009

Uma fortuna que é uma carrada de trabalhos

A Leonor, tem uma saqueta cheia de ouro! Colares, aneis, pulseiras e, suponho, brincos. Guarda a saqueta, astuciosamente, por baixo do saco do lixo, dentro do caixote do lixo!... Quando sai, leva a saqueta com o ouro, na mala à tiracolo!... Não usa as peças de ouro, com medo de ser assaltada.
Eu, não resisti e perguntei-lhe: Ó Leonor, é você que possui o ouro ou o ouro que a possui a si?!