Pede-se a maturidade ao consumidor. Ao que paga para existir porque outros antes de ele nascer se lembraram de tomar conta do que havia, pôr tudo à venda e de, o pôr até a inventar necessidades, de coisas que depois fabrica e quer comprar para se sentir realizado...
Pede-se a maturidade ao consumidor, em favor da sustentabilidade da coisa!... Ele, que veja bem o que anda a fazer! Se não anda a estragar... a desequilibrar ecosistemas, a desperdiçar recursos, a esbanjar e a poluir sem consciência...
...Quer dizer: antes, ele ouvia da boca de génios da economia que o segredo estava em consumir p'ra a frente que p'ra frente é que era o caminho e que quanto mais se consumia mais se tinha que fabricar, e que quanto mais se fabrica-se mais se ganhava e que quanto mais se ganha-se mais se podia consumir e que quem mais consumia mais feliz seria...
Depois, vieram as florestas a torcer o nariz à coisa, os níveis incomunicáveis de ozono a vender a cortisona, os peixes carregados de mercúrio, chumbo e cádmio, as aves tresloucadas engripadas de tanto antibiótico no ar, as vacas loucas de tanto carneiro ruminado, as pandemias inventadas para vender e manter tudo como dantes (pianinho, debaixo da asa do grande chefe, do pai protector que cuida de tudo e mantem a riqueza concentrada) e quase mandaram à merda os génios da economia de outrora que, agora, andam aí de cú p'ro ar, como aquele génio do futebol andou... à procura do brinco!...
Pede-se a maturidade ao consumidor! Para equilibrar assimetrias e travar os esfomeados à porta destes condados de orgias multiplas alimentados por rotas que (não da seda, da canela ou do ouro), ainda não têm nome.
Cruzam-se no ar, medicamentos fora de prazo com madeira e pássaros exóticos, farinhas altamente refinadas reforçadas com melhorante e com o gorgulho peneirado, com diamantes em bruto...
Os pontas de lança dos economistas que teimam em procurar o brinco, calcorreiam o mundo em busca de mais valias e há muito que esqueceram o brilhantismo do espectáculo! Nunca chegaram a entender que o verdadeiramente importante é o jogo em sí. Limpo. Querem, a qualquer custo, defender o resultado e mandam-se para o chão sem ninguém lhes tocar, fazem faltas feias e há quem diga que compraram o àrbitro!
Pede-se maturidade ao consumidor, ouve-se nas esquinas para comprar Levis em vez de ir comprar ao Chinês. Pede-se-lhe para colaborar e manter postos de trabalho nos países em que os direitos conquistados são respeitados... Depois, vai-se a ver, e as Levis são feitas no Paquistão... o Ikea vende cortinados feitos na China, a televisão tem peças feitas no mundo inteiro... se bem que entretenha muito!
Estamos em plena era da globalização!
A maturidade dá uma trabalheira que não se aguenta!
A bem ver... o que a malta quer é ser adepto de um clube que ganhe e marque muitos golos. O resto que se dane! A menos, que dê um tiro no pé!
6 comentários:
O mundo está claramente ao contrário!
o Mundo é coisa demasiado séria para ser entregue a economistas e ao pontapé na bola! tens razão...
abraços
Um abraço.
por mais que peçam maturidade ao consumidor! é impensável! é contra natura! ;-) contra a natureza de um consumidor!
um abraço
será que é pedir muito?
Enviar um comentário