Mais uma vez no ar, o cheiro a sonhos. A filhoses e rabanadas, pudim de Natal e tal...
Assediam-me com pacotes promocionais de mensagens alusivas por atacado. ...Pré fabricadas. Concebidas por criativos especialistas em tirar ganho ao manter vivos sentimentos moribundos.
Pressente-se a chegada de uma golfada de ignota caridade, ternura gelatinosa...
Desesperado, o comércio tradicional aguarda quase até à consoada, esperançado em conseguir poder continuar a respirar pela palhinha. Fininha!
A maioria, barricada nos escombros do amor entre os homens, adia o estertor da família com bons votos, luzinhas intermitentes, e isso assim...
Tudo se passa rápido. Uma ou duas dúzias de horas se tanto!
Alguns, chegam a ir levantar fardos quase esquecidos, depositados em "lares" mais ou menos isentos de bactérias ou cheiro a mijo. Mais ou menos isentos de afectos.
...Outros - por falta ou excesso -, nem tanto. ...Dão lá uma passadinha no cair da tarde do 25, ou ligam de lá longe onde há neve ou sol radiante, para o telemóvel... se valer a pena. ...É que há velhos que já não entendem nada. Não reconhecem o filho, nem a nora, nem os netos, nem o mundo!... Alzheimer, portantus. ...Outros ainda, na quadra, depositam o fardo na urgência de um hospital distrital...
Os Mega Centros Comerciais - os tais, os maiores da Europa!... -, rejubilam. Sentem a crise, claro! ...Não a dos valores ou dos afectos! A outra. A que não deixa consumir de tudo até não querer mais nada.
É a comprar, que a classe emergente de endividados permanentes, artilhados até aos dentes com cartões dourados, se afirmam e têm a certeza de existir. É a trocar votos e prendinhas de natal que espiam o pecado de existir sem querer saber de nada para além do seu quintal. Transbordam optimismo e só olham em frente - é p'ra lá, a fuga -!
...Palas laterais... visão de campo reduzida... árvores de natal - as maiores da Europa - pagas por quem lhes tira a pele... nem se incomodam com efeitos colaterais do espalhafato emocial, ou coisa assim!... Aproxima-se o tempo de paz e amor. A maioria, diz que é bem melhor ser pouco, que nenhum. Opiniões!
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