A forma como o homem tem representado a vida - a realidade com que me deparo - , não é, absolutamente, aquilo que eu desejaria.
Pudesse eu esquecer a minha semelhança com o resto dos humanos e, atrever-me-ia a acreditar na possibilidade de viver-mos em paz, amor e harmonia, para sempre!... Quimeras! Talvez!
Depois do determinismo de Newton e das verdades absolutas de Lapalice, numa época em que se acreditou ser possível aceder em definitivo aos mistérios mais profundos do Universo, prever (por assim dizer) o futuro, viver em estável ordem... Poincaré, abriu a porta do caos. ...Um novo caos. A outra face - antagónica e complementar - da harmonia!
Falava do um novo mundo, composto de mudança e arbitrariedade. Um passo à frente da regra, do determinado, do esperado e até do provável. Falava que, a órbita dos planetas vai mudando e a qualquer momento o imponderável pode acontecer.
Formulou a teoria a propósito da mecânica. Os colegas estrebucharam mas, umas décadas depois percebeu-se que era aceitável na generalidade.
Para o homem, o cosmos (o micro e o macro), deixara de ser a máquina de rotinas eternas passível de ser desventrada e dar a conhecer a sua essência para premiar estudos rigorosos e sistemáticos.
O contrário da monotonia. A maior dádiva da vida! Para cada nova certeza, novas e sucessivas incógnitas desafiam o homem a rapar o fundo a um tacho que, depois de Poincaré e de Einstein, sabemos não ter fundo. Os físicos hoje, permitem-se afirmar a existência de partículas fantasmagóricas (os neutrinos)!...
Acabadas as certezas categóricas, somos tentados a dar um salto no vazio e utilizar-mos a intuição; a interacção que temos com o cosmos. Quem sabe, um dia, possamos parar de querer mudar o mundo sem mudar-mos a nós próprios...
3 comentários:
Esse é o caminho certo..."Quem sabe, um dia, possamos parar de querer mudar o mundo sem mudar-mos a nós próprios..."
Até ao dia em que tal possa acontecer, vamos vivendo, uns nessa procura, outros perdidos na imensidão do nada, enganados pela sua luz, caminhando cegos para o abismo do confronto com o seu semelhante...
Quando será que olhamos uns para os outros, juntamos enregias e começamos a construção? Quando será...
Fazer do Mundo o que se desejaria teria de passar primeiro por profundas transformações do "Eu". Esta palavra teria de ser relegada para um plano inferior e o "Nós" teria de assumir a primeira prioridade...coisa que me parece difícil de acontecer, atendendo às características da raça humana.
abraços. excelente texto...
Enviar um comentário