O governo português, acaba de apresentar o orçamento geral do estado para 2011. Um orçamento impopular, que alimenta a crescente polémica, em torno da capacidade (ou falta dela) do governo em funções. Os partidos da oposição permitem-se fazer um discurso popular e, quem os ouve poderá até pensar que detém a solução para a enorme salgalhada em que o país, à semelhança do resto do mundo http://www.independent.co.uk/news/business/news/imf-warns-countries-to-work-together-or-face-wars-2102446.html , se encontra.
Lamentavelmente, julgo que quem pensa que bastaria despedir este governo (muito em particular o Sócrates), para vivermos felizes e contentes, está redondamente enganado! Na lógica da alternância de poderes instalada, virá o PSD à praça pública com as mãos na cabeça, dizer que "isto" está muito pior do que pensavam... que os portugueses vão ter de começar a trabalhar a sério... a chegar a horas... e... vai de aumentarem os impostos, anular todos os projectos, começar novos estudos, estabelecer novas parcerias, celebrar novos contratos, contratar novos elementos, redecorar gabinetes, reestruturar as estruturas etc, etc... Tudo, claro, no melhor interesse dos Portugueses, Pim!... Os fundos da UE em troca de juros, de contrapartidas... os subsídios a fundo perdidos em abono de estratégias de mais ou menos boa fé, têm permitido que os principais partidos se chegem à gamela à vez sem que o povo português se revolte indignado.
Sente, claro, que há coisas estranhas: são já altas e claras as vozes - dentro e fora do país -, que acusam os portugueses de não serem competitivos. Contudo, produzimos apenas 60% do arroz que consumimos porque a UE não permite que produzamos mais! ...Autoriza apenas o cultivo de 24667 hectares e nós - não sei, se à boa ou à má, maneira portuguesa -, cultivamos 26800!... Pagaremos multas? O certo é que os euros saem de Portugal para comprar arroz. ...A maior parte do que compramos, vem de Suriname, Tailândia e Itália!... Podemos comprar, não podemos é produzir!... Não sei, concretamente, quem é o responsável por este parte/reparte da UE, bem como pela assinatura que vinculou Portugal a este acordo e a outros semelhantes, nem é, de momento, minha intenção apurar responsabilidades. Parece-me, isso sim, importante que se entenda, o quanto obsoleto está, o modelo económico pelo qual o mundo globalizado se rege. É o dragão a comer a própria cauda. O sistema que permite falar de mercados ingovernáveis e de governos manietados. A economia de mercado dita as regras e está na mão de accionistas cujo único e cego objectivo é o lucro rápido. Especuladores à solta, vá!... http://www.youtube.com/watch?v=lU-j2mIwOpE
Enquanto isso, os portugueses empurram a culpa uns para os outros, os povos do norte empurram para os do sul, os anglófonos, para francófonos, os germanos para os outros, os europeus para os estado unidenses, os ocidentais para os orientais... e, claro, os especuladores, sem qualquer noção do que é uma panela de pressão, brincam psicóticamente a aumentar zeros à direita, como se não houvesse amanhã.
Mantêm-se a bárbara lógica de que quanto mais atrapalhado estiver o indígena, mais se lhe deve cobrar! Bem que se poderia aprender com o Yunus http://pt.wikipedia.org/wiki/Muhammad_Yunus, que, curiosamente, consegue uma taxa de retorno de fazer inveja à esmagadora maioria dos bancos!
Estaremos nós então, inevitavelmente condenados a sofrer as consequencias desta ilógica da lógica de mercado? Desta ditadura que tanto tem de decrepita como de imatura e que olha sôfrega para tudo em que possa meter o dente?...
A Europa - fruto do acaso, da necessidade, do engenho ou de tudo junto -, acabou por construir um modelo socioeconómico que, desperta a cobiça destes investidores especulativos sem pejo. Gente que saliva a congeminar negócios na saúde, a promover doenças para vender curas. Pretendem o monopólio dos produtos alimentares. Fabricam guerras para vender armas. Urdem e despoletam crises para aumentar juros e açambarcar bens dos despojados. Criam necessidades absurdas de consumo e mandam produzir onde há mais miséria (sem querer ter conhecimento das condições em que se produz), para comprar mais barato e vender onde é possível vender mais caro... criar endividados!... Dividem para reinar... para abocanhar... e, a UE aprende tímida (demasiado tímida) lições da natureza:http://www.youtube.com/watch?v=xvaAlXgti_k&feature=related
3 comentários:
"...o quanto obsoleto está, o modelo económico pelo qual o mundo globalizado se rege. É o dragão... gente que saliva a congeminar... que urde e despoleta crises..." etc.etc.etc.
Encontraremos na luta das sociedades em cada fase da história do ser humano, épocas difíceis, provavelmente mais dificeis do que esta, porque os obstáculos era maiores e as condições de partida para superação delas mais reduzidas, contudo, elas não tinham pelo menos um elemento de que hoje dispomos: o conhecimento do enquadramento global dessas dificuldades, ou se quisermos, eram dificuldades que se acreditava serem locais. Hoje sabemos que esse "local" é bem maior do que pensávamos nessas eras.
Este post lança tanto desafio que acabamos com difilculdade na escolha. Subscrevo tudo.
Hoje sabemos que esse "local" é bem maior do que pensávamos...
Este é o "local" em que começa a ser evidente a repercussão da nossa acção!
Esqueci-me de deixar uma chapelada para este vídeo de Leopoldo Abadia. Um espectáculo este homem...
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