O medo, tolhera-o cedo. Qualquer lonjura que olhasse, qualquer esquina de que se aproximasse, qualquer rumo que pudesse tomar para chegar a algum lugar... logo se apanhava tolhido! Por tudo e por nada... bloqueava, não fazia nada, ficava à espera a deixar andar, a ver no que ia dar e poder escolher o lado em que diria ter votado...
Se era para falar... tinha medo de não se fazer entender, e por isso preferia ficar calado. ...Um ou outro sorriso tímido, esgares de cumplicidade em todas as direcções, vénias, dobrares de espinha... e lá se ia safando, calcorreando corredores mensageiro de recadinhos que espiolhava, sob a capa de uma humildade deprimente.
...Ouvia assim assim, a medo, procurando conter o interesse para não se envolver e se apanhar a opinar... quem sabe ficar comprometido... criar um inimigo... qualquer mal entendido...
Santa cruz credo, abrenúncio!
Quando se via nesses apertos, apertava com força os lábios resguardado na ignorância, não fosse o dito poder ser tomado pelo não dito, o diabo tecê-las... e o não dito ter um significado que nem se atrevia a pensar, que o pudesse prejudicar!
O medo, desde cedo, entranhara-se-lhe nos ossos, tornara-lhe raquítico o espírito, fizera dele um saco de ossos com a exigência da sobrevivência mas, vistas bem as coisas, facilitara-lhe muito a progressão na carreira!...
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