sábado, outubro 15, 2011

Yes

Yes we can, já correu mundo. Yes we will, também. Sobre o how, muitos emitem mais ou menos respeitáveis opiniões. Contudo permanecemos num impasse embaraçoso: a esmagadora maioria está endividada para com uns quantos a quem não sabe como ou quando poderá pagar. Estes, por sua vez, trocam, compram ou vendem dívidas entre eles e, vão subindo juros à medida que dificultam os empréstimos segundo leis do mercado verdadeiramente transparentes; quanto pior estiveres mais pagas! O que poderia - numa outra lógica de mercado, ou mesmo numa outra lógica de vida -, parecer paradoxal, é afinal, nesta, perfeitamente lógico.

quinta-feira, abril 21, 2011

Os fins e os meios

Os chamados meios de comunicação social disseram que os Americanos mataram o Bin Laden. ...Ora, o que se deveria fazer com o corpo do Bin Laden? ...Entregá-lo à família? Enviá-lo para a proveniência, para a terra dele? ...Não! Embrulha-se segundo os preceitos funebres da circunstância e atira-se ao mar! Para que não restem dúvidas.
Teria sido possível deter o Bin Laden e levá-lo a tribunal? Ouvir o que tinha para dizer? Ao que parece não! Tiveram mesmo que matar o Bin Laden e lançá-lo ao mar. Livrarem-se do bicho.
Depois, foi só manter um alerta elevado até ver no que a coisa iria dar.
...Independentemente da qualidade do bicho uma coisa fica clara: se não quiser que os americanos lhe entrem casa dentro, providencie para não ter bicho em casa. Acautele-se até, com o eventual bicho que possa haver em sí.

sábado, fevereiro 12, 2011

Uma actualidade velha

«Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?»

Almeida Garrett: Viagens na Minha Terra, 1846.

Vem isto a propósito da displicência com que o FMI vai sugerindo (não só a Portugal!...) que o SNS vá sendo substituído por um serviço de saúde privado. Aponta as seguradoras e outras entidades financeiras privadas. Com pés de veludo, manda para o lixo os valores mais básicos por que a humanidade em geral tem vindo a lutar para tornar uma realidade. Aponta assim para a rentabilização dos cuidados de saúde.
A doença como fonte de lucro, parece abominável, mas, na lógica empresarial de um hospital privado... faz todo o sentido. Se não o ùnico!
http://uivomania.blogspot.com/2006/11/formas-de-ver-as-coisas.html
O FMI, senta-nos nos joelhos (...) e dá-nos conselhos e, a maioria parece até, gostar.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

O insustentável peso do ter


Foi já no reino da abundância, que descobriu em si buracos sem fundo! Para trás, tinham ficado a sardinha a dividir por quatro, nacos de broa rija esfarelada na sopa para aconchegar o estômago, desejos de um dia ver o mar ...sair da "santa terrinha".
Afoito, sedento, migrou p'ró litoral. Tornou-se um genuíno metropolitano cheio de jogo a par das modas e tendências. Aprendeu a construir sem licenciamento, a corromper fiscais, a opinar, a ter preferências, também quis provar caviar e tudo o mais de que só tinha ouvido falar.
Quando lhe disseram que tinha conquistado a liberdade... não sabia o que dizer ou pensar! ...Na essência, parecia-lhe bem! ...Livre! ...Para comer fartas sardinhadas, puxar a brasa à sua sardinha e, reenvindicar direitos alinhavados à pressa com o poder de imputar culpas a quem lhe entravava a marcha. ...Definitivamente, era "música para os seus ouvidos". ...Ruídos?!
...Tomar em mãos as rédeas da sua vida sem ter que se dobrar, reflectir, não aceitar o cavalo sem lhe olhar o dente, tirar os olhos do umbigo e ver-se impelido a encontrar em cada esquina um amigo... um irmão... tem-lhe consumido o neurónio de tal forma, que não só se encontra deprimido... ...abandonado ...traído... como, em face da relativa incompetência para ser, encontrou o comprimido. O paliativo para os impropérios da alma! A forma de suportar o tanto ter e as ganas de continuar a desejar ter mais.