quinta-feira, julho 07, 2005

Continuação 7

Van Gog, chegou a não ter dinheiro para comer e, não fora o apoio do irmão, não teria pintado muito da sua obra! O que ao tempo não tinha qualquer valor, é hoje, disputado por verdadeiras fortunas! ...Que contra senso é este, que leva os homens de "sucesso" (gente com os bolsos a abarrotar de dinheiro), a comprarem por tais quantias as obras pintadas por um "louco", ou, será melhor dizer... por um doente mental?!...
No início do sec XXI, passou-se em Portugal um facto, que ilustra claramente o que pretendo dizer: em cerimónia publica, o Estado, agraciou com uma medalha de mérito, Stanley Hoo, também conhecido como, "o rei dos casinos"! Justamente ao mesmo tempo, evitou receber oficialmente o líder espiritual do povo do Tibete... um Nobel da paz, um homem de inquestionável valor que enriquece quem o ouve!... Ao que parece, o Estado Português, prisioneiro de conjunturas e estratégias políticas e económicas, seguindo absurdas regras diplomáticas, prefere, através do jogo, enriquecer (?!) sugando-se a si próprio e, como se isso não bastasse, concede a quem dá a concessão para o sugar, uma medalha de mérito e, uma bela fatia!...
Factos destes, conduzem-nos á conclusão de que, a par e passo com este progresso que temos vindo a inventar, e, por muitas confissões que façamos, por muitas orações que balbuciemos... o nosso Deus, é, cada vez mais o dinheiro... convencidos de que, com ele, podemos comprar a felicidade e dominar o mundo do qual nos sentimos donos e senhores, ao vê-lo prostrar-se aos nossos pés, quando temos um punhado de notas na mão.
E, ai de quem ousar olhar-nos nos olhos, fazendo-nos frente, dizendo-nos em bicos dos pés, que não se submete ao poder que (presumimos), o dinheiro nos confere!... Essa, é uma das piores afrontas! Perante isso, esquecemos o significado das palavras que balbuciamos mecanicamente nos templos em que oramos pretendendo elevar-nos espiritualmente e, mandamos às urtigas os ensinamentos dos homens a quem chamamos Mestres ou Santos e dizemos querer seguir. Despeitados, dispomo-nos a meter o insolente na ordem e chegamos até a acreditar, estarmos a cumprir desígnios Divinos arrasando-lhe qualquer réstia de altivez ou dignidade e, sem piedade alguma, abandonamo-lo à sua sorte sem pejo (qual castigo/ensinamento), com a consciência de o virmos a encontrar despedaçado, pela máquina poderosa a que, o dinheiro/poder dá acesso.
Tão verdade hoje, como o era na pré-História ou na Idade média, esta realidade, continua a ser fonte de infelicidade e origem de muitas doenças...
Continuamos hoje, como sempre, a querer acreditar em contradições. Por um lado, insistimos em dizer, que o dinheiro não dá felicidade... que a saúde é a maior riqueza... por outro, destruímos a saúde numa luta desgastante, para ganharmos mais e mais dinheiro, na ânsia de não mais precisarmos dele e podermos (um dia) descansar e ser, "boa gente"...
Perseguimos a linha do horizonte que se distancia à velocidade com que nos aproximamos, na vã ilusão de a agarrar... apressados, queremos ir mais longe e, enquanto isso, não desfrutamos do que temos no lugar em que nos encontramos. Cegos para a realidade próxima, insensíveis para com a simplicidade, não vemos, que o excesso é tão nocivo como a carência e, fazemos dessa luta, dessa tonta correria, a razão da nossa vida!

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