No passado 16 de Novembro, morreu Milton Friedman. Talvez - nas últimas décadas -, o mais influente defensor do liberalismo económico. Com direito a Nobel, Friedman, acreditava no monetarismo, aconselhava o estado a não intervir, a deixar os mercados funcionarem livremente e garantia que o individualismo conduziria a um crescente bem estar social.
A ideia, vem do sec. XVIII e foi combatida por Marx que procurou provar que essa, era uma forma maquievelica de explorar quem trabalha... que é justamente do trabalho que nasce a riqueza e que, assim, é usurpada pelos mais ricos e poderosos, ou, pelos que têm menos excrúpulos.
As teorias de Marx, deram azo a alguma euforia mas revelaram-se sol de pouca dura. Particularmente na América, o liberalismo, ganhou nova pujança até à queda da bolsa em 1929 e à grande depressão (fico a pensar se esse liberalismo não a teria originado...). Aí, o liberalismo recolheu-se e deixou a reconstrução e a revitalização do país a cargo do estado através do movimento que veio a ficar conhecido por Keynesianismo!... O país recompôs-se, a economia cresceu e, já na década de 70, o liberalismo instalou-se a propósito de uma crise internacional a que não será estranha a guerra do Vietname...
O liberalismo instalou-se na América e talvez fruto da globalização tem vindo a expandir-se pelo mundo. Friedman inspirou Nixon, Reagan, Tatcher e até Pinochet.
Por cá, em Portugal e na Europa, também há grandes admiradores de Friedman: Muita gente que acredita na privatização das empresas públicas (que dão lucro!), já que o estado (quer dizer: todos nós!), não tem vocação para essas coisas!
...Entretanto, vamos mas é acabar com esses negóciozinhos de vão de escada que não dão para nada, e deixar trabalhar quem sabe. ...Quem percebe do assunto! Para quê 50 mercearias quando podemos ter um moderno hipermercado onde tudo é mais barato e há promoções todos os dias? Hum?!... Para quê esse comérciozinho de rua decadente, esse rol de fiados, essa contabilidade familiar difícil de controlar, quando, podemos parquear cómodamente à borla, em amplos estacionamentos de modernos e reluzentes centros comerciais com a contabilidade computarizada a entrar directamente no ministério das finanças? Hum?!...
Tudo muito mais barato, mais limpo e transparente e com o consequente bem estar social crescente de que falava Friedman! Pelo menos, lá individualistas somos nós!
O Estado, quer dizer, nós, só devemos intervir, se a coisa crachar. Se a bolsa cair ou se houver uma grande depressão! Ou não?
6 comentários:
pois é: Marx valorizava o trabalho como elemento de "libertação" do indíviduo; o liberalismo estimula o prazer(e o seu derivado, o "consumismo"), com a consequente "exploração" do indivíduo.
gostei de ler. abraços
Talvez que o indivíduo enquanto consumidor possa ter uma palavra a dizer!
Está aqui um post que pode levar-nos a diversos caminhos, e os meus são sempre desconcertantes, logo se fosse maoista dizia que a culpa era dos americanos e do petróleo, mas sei que o ser humano em si é individualista, é uma questão de sobrevivência, o resto deveria ser garantido pelo povo enquanto sujeito de poder e objecto de poder, pois se o Estado somos nós, o mesmo Estado dotado de poder político anda a não cumprir impiedosamente uma função que lhe é inerente, o bem-estar económico, social e cultural, ou seja, a promoção das condições de vida dos cidadãos em termos de garantir o acesso a bens e serviços essenciais que contemplam a educação, a saúde e a segurança social, bem como, o acesso a bens económicos que permitam a melhoria de vida. Por outro lado, temos à perna a UE no seu esplendor de organização supranacional que esmaga os pequenos Estados, sobretudo os Estados despersonalizados, importadores e de gente que usa o neurónio a prestações. Neste contexto ficamos depressivos e por isso consumimos de forma louca epah e se a coisa cair, fazemos já um golpe de Estado! :P
"E se a coisa correr mal fazemos um golpe de estado!". Quer dizer, mandamos o jogo abaixo para baralhar e dar de novo, ou mesmo, damos um tiro no pé!
Liberalismo e comunitarismo, enquanto conceitos filosóficos desvirtuados por factores mais ou menos imponderáveis, parecem mostrar-nos a necessidade de um novo golpe de rins.
Se com o liberalismo quisemos ter uma palavra a dizer quanto ao rumo das nossas vidas, se com o comunitarismo quisemos fazer de todos nós um, que determinasse o que cada um de nós deveria fazer... o facto, é que, em qualquer dos casos delegámos responsabilidades, para podermos olhar as largadas dos balões e os foguetes a estoirar no ar. Permeáveis a quaisquer manobras de entertenimento, declinámos responsabilidades depois de conquistarmos o direito a ser responsáveis. Liberalistas quando temos uns patacos no bolso, comunitaristas quando caimos em desgraça, queremos manter ainda a ilusão de podermos ver realizados os nossos desejos levianos por quem (com intenções mais ou menos nobres) se afoita no poder, enquanto alheados nos dispensamos de pensar em coisas "chatas" e exigimos o direito a uma orgia consumista escudados numa inocência preversa, contando que os custos, sejam pagos lá mais para a frente.
...Quando a coisa fia fino, arranjamos bodes expiatórios em cada esquina e, fazemos como o hipopótamos da anedota: fazemos a boca pequenina e dizemos: coitadinho do crocodilo!
Deixo um abraço e votos de Bom Natal.
Herético, ainda que um pouco tarde, agradeço o abraço. Os votos de bom Natal, vou guardá-los para o ano inteiro, que bem preciso de me renovar.
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