O artista, pôs-se em risco sem temor! Dando o corpo ao manifesto, avançou para a pista, sem uma ideia cozinhada, uma cambalhota preparada, uma só palavra que fosse... na ponta da língua!
À ultima da hora, mandaram-no avançar para o centro e a única coisa que lhe garantiram foi, que os holofotes o iriam iluminar, fazendo-lhe notar que essa, seria uma bela oportunidade de brilhar, de mostrar o que valia a entreter e fazer rir, ou até, e porque não... a fazer chorar!...
Havia, no fundo, que entreter a malta, não fosse ela começar a patear, o que era muito mau, atendendo à fragilidade da estrutura das bancadas.
Socorreram-se dele, porque, o artista de serviço, com um número bem estudado, ao ver-se enleado nas cordas e argolas que tinha largado, sentiu o arame a fugir debaixo dos pés e, sem cerimónias, desenleou-se e lançou-se, seguro pelo guincho que o livrava de se estatelar e partiu, para actuar, num circo internacional.
...Surpreendentemente, o espectaculo ganhou cor com este artista que ficou e que tocava os sete instrumentos, dava cambalhotas direitas e tortas e, destemido, entrava no canhão pronto a fazer de bala humana, mas... os acrobatas que o acompanhavam, incapazes de lhes seguir os passos, os golpes de rins e os voos sem rede, cedo deitaram o número a perder... uma após outra vez, falharam uma recepção, um compasso, largaram uma corda, deixaram cair ao chão uma argola e, por último, os que brincavam a cuspir fogo, acabaram por se incendiar uns aos outros e causar, o pânico!
Hoje, o espectáculo está mais pobre! Dizem, que é para ser mais seguro... Só há um ilusionista, que tira da cartola uma sacola vazia com que se dirige ao público a quem pede para a encher... um número de ovelhas amestradas, que são tosquiadas na pista com as orelhas em baixo... e, claro... uma parelha de palhaços!... O rico... e o pobre, que, como sempre, passa o número a levar estaladas, e tão depressa chora baba e ranho... como salta, ri e toca a concertina... feliz de esperançado, em vir a receber um rebuçado!...
1 comentário:
Parabéns.
É deliciosa essa sua história do circo dos nossos dias!!!
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