sábado, dezembro 04, 2004

missiva 4

Hoje , fartei-me de trabalhar.... a dormir! Eu explico: Como sabes, fui-me deitar um bocadinho tarde - que isto de andar a fornecer-te uma perspectiva de base do país, assim o exige e tu mereces - bom, acontece que me fui deitar com a cabeça a transbordar com ideias suspeitas, conjecturas e se bem que tivesse adormecido de imediato, não dormi profundamente nem um bocadinho. É que isto do caos que os abrilenos instalaram no país, não me deixa sossegar a molécula! É só ralações, contas por pagar, uma pessoa a ver que não vende nada e o Natal a aproximar-se... a tristeza que me dá não te poder mandar uma prendinha em condições... enfim... o que for, se verá! Quem havia de dizer, que este vermelusco desmaiado do Sampaio, para além do golfe e dos petiscos país fora, havia de se meter onde não devia ser chamado e de uma assentada destruir a retoma, desejoso para colocar a batata quente nas mãos da camarilha dele?! Como sabes, fevereiro é um mês de muito frio e ele tem muitos amiguinhos com as mãos geladas!... Pode ser que se encham de frieiras!... Bom, mas deixemos isso. Ia eu a contar-te que me fartei de trabalhar, a dormir. É que assim que mergulhei naquele sono agitado e superficial que, para além de tudo o mais, me anda a preocupar, me esgota e anda a ter-me aqui que nem me tenho, comecei a sonhar que andava pela rua a gritar... vê bem: "Deixem-me trabalhar!... Deixem-me trabalhar!..." e vi-me assim alvoroçado, furando enérgico pelo meio de uma multidão compacta, calada, olhos no chão, que arrastava os pés em passinhos lentos e sincronizados. Íamos todos no mesmo sentido, em direcção, imagina tu, à praça do comércio! À entrada da praça todos tinham de tirar uma senha e aguardar que chamassem o nosso número para entrar, junto a um enorme portão guardado por militares de todos os ramos das forças armadas! E eu ali compactado, aguardando, continuava a gritar: "Deixem-me trabalhar!...". Bom, quando chamaram pelo meu número, avancei decidido para a entrada do portão e um militar, vindo ao meu encontro bateu-me a pala e perguntou: "Charada ou adivinha?". E eu, sem saber porquê, respondi convicto (ainda agora me pergunto porquê): "Adivinha. "

O Durão, desculpa lá, mas tenho de ir ali fazer "uma coisa que ninguém pode fazer por mim" e ouvir umas notícias do Santana e do Pinto da Costa...

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